Quando somos pequenos é comum elegermos um objeto como mais do que favorito, aquele que nós levamos em todos os lugares (na escola, na casa da vovó, no shopping e principalmente nas viagens), que não deixamos os pais lavarem e temos desespero em esquecê-lo longe.
Os pais não entendem o nosso amor por aquele simples cobertor rasgado e fedido, aquele ursinho com a orelhinha caída, aquele pedaço de massinha que nem tem mais cor…as vezes eles querem nos afastar desse objeto, trocá-lo, lavá-lo e nós choramos entristecidos. Às vezes chupar o dedo pode substituir esse objeto, a chupeta e a mamadeira também entram nessa situação, sendo os companheiros das crianças durante todo o dia.
Mas, esse objeto tem uma enorme importância em nossas vidas, ele é chamado de objeto transicional. Você deve estar se perguntando, mas o que é isso? Simples, é um objeto elegido pelas crianças de diversas idades para amenizar a falta da mãe e um ambiente novo. Ou seja, esse objeto simboliza a mãe em situações nas quais ela não se encontra, por exemplo, quando a criança vai na primeira semana de aula; geralmente a criança pede para levar algum objeto de casa, e esboça nele os mesmos sentimentos que esboça pela mãe, para que não se sinta sozinha e se declare preparada para integrar aquele novo ambiente.
Quando somos pequenos a presença da mãe é muito importante, pois é ela quem nos proporciona um ambiente facilitador (aquele ambiente carinhoso, amigável, para integração tranquila da criança) e nos supre de todas as nossas necessidades. Em algum momento da infância, a mãe precisa retornar as suas atividades de trabalho e as crianças precisam ir a creche ou a escola, são inseridas em outras atividades extra curriculares, etc. e é nesse momento que o objeto transicional entra em ação.
Ele nos encoraja, simbolizando o encorajamento da mãe, e também nos dá um pouquinho de independência naquele momento em que precisamos, nos deixando acolhidos e confortáveis para nos aventurar em um ambiente desconhecido. É sempre bom ter um local ou alguém para correr quando estamos nos sentindo ameaçados de alguma forma e, na falta da mãe naquele momento, esse objeto fará esse papel.
O cheiro, o toque, o formato, tudo é importante e deve ser conservado como está. A lavagem retira o cheiro característico do ambiente facilitador, muda a sensibilidade do toque, influencia no formato (em questão de volume) e, consequentemente, faz com que a criança estranhe essa mudança e queira que retorne a ser o que era antes.
Com o amadurecimento e a independência, além da adaptação aos novos locais, as crianças tendem a deixar mais os objetos em casa e, algumas vezes, a esquecê-los. Também é possível troca-los por outras coisas conforme a idade, como os celulares, ou uma camiseta que gostamos muito; e podemos leva-los por toda nossa vida, mesmo que inconscientemente acreditemos que é só mais alguma coisa legal que temos.
Por: Gabriela Blasi