Pessoas que se exercitam geralmente têm melhor aptidão mental, e um novo estudo com imagens pela UC Davis Health System mostra agora o porque. Publicado na edição desta semana do The Journal of Neuroscience a descoberta apresenta novas descobertas sobre o metabolismo cerebral e por que o exercício pode tornar-se uma parte importante do tratamento da depressão e outros transtornos neuropsiquiátricos associados a deficiências ao nível dos neurotransmissores, que são quem organizam a comunicação entre as células do cérebro que regulam a saúde física e emocional.
“Transtornos depressivos significantes são muitas vezes caracterizados pela falta de Glutamato e GABA- gamma-aminobutyricacid (um neurotransmissor que regula os estados de ansiedade e depressão), e que retornam ao normal quando a saúde mental é restaurada”, disse o autor do estudo Richard Maddock, professor do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais. “Nosso estudo mostra que o exercício ativa a via metabólica que reabastece esses neurotransmissores.”
A pesquisa também ajuda a resolver uma questão persistente sobre o cérebro, um órgão que funciona sob intensa energia e que consome uma grande quantidade de combustível sob a forma de glicose e outros carboidratos durante o exercício. O que ele faz com esse combustível extra criado durante os exercícios?
“Do ponto de vista metabólico, o exercício vigoroso é a atividade mais exigente que o cérebro encontra, muito mais intenso do que cálculos ou xadrez, mas ninguém sabe o que acontece com toda essa energia”, disse Maddock. “Aparentemente, uma das coisas que ele está fazendo é criar mais neurotransmissores.”
A notável mudança na forma como o cérebro usa esse combustível durante os exercícios tem sido largamente ignoradas nas pesquisas sobre a saúde do cérebro. Enquanto as novas descobertas representam uma pequena parte do entendimento de como o cérebro consome energia durante o exercício, eles são um passo importante para a compreensão da complexidade do metabolismo cerebral. A pesquisa também aponta para o impacto negativo que um estilo de vida sedentário pode ter sobre o funcionamento do cérebro, assim como qual papel o cérebro desempenha no caso do desempenho e resistência atlética. “Não está claro o que leva as pessoas a “superar seus limites” ou se sentir cansado de repente durante um exercício “, disse Maddock.
“Quando pensamos nisso, imaginamos, em termos de músculos que estão carentes de oxigênio e de energia. Mas parte desse cansaço, podem ser sinais que o cérebro atingiu o seu limite.” Para entender como os exercícios afetam o cérebro, a equipe estudou 38 voluntários saudáveis. Os participantes se exercitaram em uma bicicleta ergométrica, atingindo cerca de 85 por cento de sua frequência cardíaca máxima prevista. Para medir o glutamato e GABA, os investigadores realizaram uma série de estudos de imagem por ressonância magnética utilizando um poderoso 3-Tesla MRI para detectar espectros de ressonância nuclear magnética, que pode identificar vários compostos com base no comportamento magnético dos átomos de hidrogénio das moléculas.
Os pesquisadores mediram os níveis de GABA e Glutamato em duas partes diferentes do cérebro imediatamente antes e depois de três sessões de exercícios vigorosos com duração entre oito e 20 minutos e fizeram medições semelhantes para um grupo de controle que não fez exercícios.
Os níveis de Glutamato ou GABA aumentaram apenas nos participantes que se exercitaram. Aumentos significativos foram encontrados no córtex visual, que processa a informação visual, e do córtex cingulado anterior, que ajuda a regular o ritmo cardíaco, algumas funções cognitivas e a emoção. Enquanto esses ganhos diminuíram ao longo do tempo, houve evidências de efeitos mais duradouros.
“Houve uma correlação entre os níveis remanescentes de Glutamato no cérebro, de acordo com o quanto as pessoas se exercitaram durante a semana anterior”, disse Maddock. “É uma informação preliminar, mas é muito encorajador.”
Essas descobertas apontam para a possibilidade de que o exercício possa ser utilizado científicamente como uma terapia alternativa para a depressão.
Isso pode ser especialmente importante para pacientes abaixo dos 25 anos, que geralmente desenvolvem mais efeitos colaterais com inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), medicamentos anti-depressivos que regulam os níveis dos neurotransmissores.
Continuando os estudos de acompanhamento, Maddock e sua equipe agora vão testar se uma atividade menos intensa, como caminhar, oferece benefícios cerebrais semelhantes.
Eles também vão testar seu método de “exercício monitorado por imagem” em um estudo de pacientes com depressão para determinar os tipos de exercícios que oferecem o maior benefício.
“Estamos oferecendo uma outra visão sobre por que a atividade física regular pode ser importante para prevenir ou tratar a depressão”, disse Maddock.
“Nem toda pessoa deprimida que se exercitar vai melhorar, mas muitos irão. É possível que possamos ajudar a identificar os pacientes que mais se beneficiariam de uma prescrição do exercício físico.”
Fonte para o artigo: A postagem acima foi produzida a partir de materiais fornecidos pela Universidade da Califórnia – Davis Health System e foram autorizados pelos pesquisadores.
Autor: Por Genaldo Vargas
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