Estima-se que até 2020, a depressão será a segunda causa de incapacitação do mundo, atrás apenas da doença coronariana esquêmica, atingindo 15% da população mundial. Estes fatos fazem com que a torne um problema de saúde mental grave e crescente.
Os sintomas característicos da depressão são dificuldade de concentração, dificuldade na tomada de decisões, avaliação negativa da sua auto imagem, perda de interesse nas atividades cotidianas, perda ou aumento de apetite, perda ou aumento do sono, baixo interesse sexual, fadiga, ansiedade, culpa, tristeza e angústia. Lembrando que os sintomas podem variar de indivíduo para indivíduo e não é necessário apresentar todos estes sintomas para o diagnóstico.
O que diferencia a depressão da tristeza é que a primeira abrange os sintomas citados acima, e a sua intensidade. Quem está deprimido tem a tendência a focar nos aspectos negativos das situações.O indivíduo deprimido possui uma visão negativa do mundo ao seu redor, do futuro e de si mesmo.
Um evento pode desencadear uma depressão dependendo da forma como o indivíduo vai interpretá-lo. Por exemplo, o término de um relacionamento para um indivíduo pode ser muito doloroso ao ponto dele tornar-se deprimido e tentar suicídio, e para outra pessoa o término pode ser sofrido, porém aos poucos ela pode ver coisas positivas neste fato como a viabilidade de investir em um tempo maior para ela, sair com os amigos, curtir a sua própria companhia, viajar, focar em questões do trabalho, ficar mais com a família, etc.
Nesta patologia, há um desequilíbrio da bioquímica cerebral, onde estão envolvidos aspectos neurobiológicos, neuropsicológicos e cognitivos que a mantêm.
Mas será que existem coisas além disso que provoquem a depressão?
No modo como se configura a sociedade atual, muitos fatores tem contribuído para o aumento dos casos desta doença, tais como um aumento do individualismo e narcisismo permeado pelos valores do sistema capitalista vigente, onde o ter é mais importante que o ser, a inserção cada vez maior do mundo virtual, onde as pessoas estão cada vez mais conectadas, porém mais sozinhas, declínio das religiões que insere valores éticos e morais para os indivíduos e contribui para a solidez da família, aumento dos divórcios, urbanização, onde se vê cada vez menos as pessoas devido a dificuldade de deslocamento, cobranças diárias para ser eficiente e competitivo no mundo do trabalho.
Mas como tratar disto diante de tantas mudanças no estilo de vida que se tem de uns tempos para cá?
A psicoterapia aliada a medicação é o tratamento ideal.
E será que há algo que se possa fazer para auxiliar um indivíduo deprimido a melhorar?
1. Uma das dicas é justamente tentar manter a conexão com pessoas queridas ao redor, família, amigos, pois a tendência é a do indivíduo deprimido se sentir desamparado e sozinho.
2. Colocar como meta retomar aos poucos as atividades que geram prazer, que não são feitas mais, mesmo que no início sem estar com vontade, pois ao conseguir dar o primeiro passo para iniciar a atividade, já vai gerar uma sensação de bem-estar.
3. Buscar coisas que te dão sentido de existência, na depressão há uma falta de sentido na vida. Retomar, o que te faz feliz? O que te move como indivíduo? Quais coisas te conectam com o mundo e te dão vivacidade? Uma dica é fazer um registro de coisas positivas que vivenciou no dia, é uma maneira de treinar o cérebro para ampliar a percepção de tudo que foi bom no dia.
4. Quando notar que seu humor muda ou piora, perguntar a si mesmo: O que está passando pela minha cabeça neste momento? Isto ajuda no reconhecimento dos pensamentos negativos e ao perceber isto, há uma tomada de consciência importante, já que é um primeiro passo para mudá-los e substituí-los por pensamentos alternativos mais funcionais, que gerem boas emoções.
5. Tente fazer uma rotina diária, um plano de atividades diário, isto auxilia nas experiências de superação e satisfação, registrando qual atividade classifica como prazerosa e qual é de superação.
6. Para alguma atividade que você considere de difícil execução, escreva cada passo da tarefa e tente fazer aos poucos, dividindo-os em pequenas unidades. Assim fica mais fácil de executá-lo.
7. Inserir a prática diária de exercícios físicos que auxiliam na produção de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem estar, como a serotonina, endorfina e dopamina.
Por: Andrea Guimarães Rothschild
CRP: 06/118570
Fonte: A depressão como “mal-estar” contemporâneo: medicalização e (ex)-sistência do sujeito depressivo. Tavares, A. T. Leandro.
Enfrentando a Depressão .Aaron T.Beck, M.D.; Ruth L. Greenberg, PhD. Revisão de Judith S. Beck, PhD. (2010)
Terapia Cognitivo Comportamental. BeckS. Judith.
Vença a depressão. Leahy L. Robert.