O relacionamento afetivo tem sido tema frequente em diversas áreas, tanto entre teóricos clássicos e conceituados da Psicologia, como em consultórios e nosso cotidiano. Portanto, podemos concordar de que a base da vivência do ser humano, nada mais é que as relações.
Há várias formas de se relacionar, não exclusivamente em grau de satisfação, na qual, os casais possuem, mas também no tipo de satisfação procurada por cada um dos cônjuges. A decisão consciente de se relacionar com outra pessoa, para a maioria é uma tentativa de se obter conforto e felicidade e não de solucionar conflitos, porém, não existe relação sem conflito. Em contrapartida, as motivações que levam as pessoas a se relacionar, são em grande parte, decisões inconscientes.
Essas decisões inconscientes são promovidas através das satisfações, frustrações e conflitos não resolvidos durante a infância, sendo que o mais importante deles é o Complexo de Édipo.
O “Complexo de Édipo” é um termo utilizado pela Psicologia, elaborado através do mito do Rei Édipo, para representar, com pouca diferença, os desejos primitivos dos indivíduos, ou seja, os pais acabam sendo a primeira referência de relação amorosa de seus filhos(a).
Mito do Rei Édipo / Fonte: PsicologPsique
Um relacionamento não nasce pronto, é construído aos poucos por duas pessoas, porém, as motivações que conduzem a evolução e desenvolvimento de uma relação possuem uma base inconsciente, pois nós estamos aprisionados internamente pelos padrões de relacionamento desenvolvidos com as figuras significativas na nossa infância.
Os vínculos com os pais e/ou pessoas significativas são geradores básicos do que é relacionamento internalizado na mente do indivíduo, no qual, a mesma repetirá ao longo do seu desenvolvimento até a vida adulta.
Em um relacionamento ocorre trocas de identificações projetivas e introjetivas, ou seja, reproduzimos com nosso(a) parceiro(a), o universo das nossas relações infantis, porém ao mesmo tempo é a abertura para a resolução dos nossos conflitos vividos na mesma fase.
Dessa forma, para que possa ocorrer uma resolução desses conflitos infantis, é necessário que o indivíduo encontre uma pessoa capaz de aceitar o que o Outro necessita resolver e vice-versa. Portanto, para um relacionamento é necessário o ajuste das duas personalidades, como se cada um dos parceiros procurasse no Outro, aspectos de sí mesmo que não conseguiu desenvolver ou ao contrário, buscando no Outro exatamente a mesma dificuldade que possui.
Para a Psicologia, os fatores para que ocorra a escolha do(a) parceiro(a) e a decisão de se relacionar com alguém é chamado de “Contrato secreto do Casamento”, na qual, não nos diz nada sobre a felicidade ou infelicidade do casal, nem mesmo se as pessoas envolvidas no relacionamento se amam e se permanecerão juntos pelo resto de suas vidas, mas se constitui o verdadeiro argumento e motivação para que essa relação exista.
O que se pode compreender diante da escolha com quem iremos nos relacionar, é de que vai além do olhar exclusivamente romântico, pois relembramos a nossa relação vivida com nossas figuras significativas durante a infância, repetindo-a e a projetando em nossos relacionamentos atuais.
Portanto, se na fase infantil os conflitos forem elaborados de forma saudável, ocorrerá a busca por relacionamentos saudáveis, se caso esteja em relacionamentos abusivos, não havendo troca e bem-estar, vale a atenção diante de como o relacionar-se foi aprendido, os exemplos de relações e de como foi o relacionamento com as primeiras figuras amorosas, no caso, os pais.
Referências:
Bensi, C. T. A escolha do parceiro: repetição da relação com os pais?. 2013. 40 pg. Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.
Por: Thamara Bensi